Goycochea: 'Messi não precisa provar nada para ninguém na SeleçãoEx-goleiro argentino diz que craque não merece ser rotulado de jogador de clube e que Neymar ainda precisa provar que pode fazer sucesso na Europa'



Ex-goleiro da seleção argentina no vice-campeonato da Copa do Mundo de 1990 e último arqueiro a comemorar um título da Copa América, em 1993, Sérgio Goycochea acredita que o time comandado por Sérgio Batista pode levantar novamente a taça da competição. Mas desde que o treinador consiga encontrar um esquema parecido com o do Barcelona para que Lionel Messi possa ser na seleção o mesmo que é no time catalão. Aos 47 anos, o ex-jogador - e agora apresentador de um programa esportivo - afirmou ainda que o jovem de 23 anos precisa jogar com menos pressão e mais tranquilidade em campo.
Durante evento de um de seus patronicadores em Buenos Aires, Goycochea disse ao GLOBOESPORTE.COM também que Maradona, técnico da Argentina durante a Copa de 2010, levou um duro golpe com a queda da equipe para a Alemanha nas quartas de final da competição, que acredita nesta seleção da Argentina, mas que uma nova derrota na Copa América pode fazer o trabalho se perder. 
Globoesporte.com - Acredita que a Argentina é realmente a favorita para vencer a Copa América?
Sérgio Goycochea - É favorita pela história que tem, pelo presente e por jogar em casa, frente aos seus torcedores. Temos o Zanetti (37 anos), Gabriel Milito (31 anos) e Burdisso (30 anos), que são bons jogadores, mas já tem um pouco mais de idade que os atletas do meio para frente. É preciso se pensar em uma renovação para a Copa já, para o time se entrosar nos próximos anos. Mas o time só irá bem se o Messi estiver tranquilo para jogar. Ele tem bons jogadores para ajuda-lo, como Tevez, Mascherano, Aguero. O Batista tem de encontrar um sistema para que o Messi possa mostrar o que pode render.
O que acontece com Messi que não tem pela seleção exibições parecidas com as que faz pelo Barcelona?Ele não tem de provar nada a ninguém. É um grande jogador e já mostrou isso no Barcelona. Ele tem de ter tranquilidade, e as pessoas tem de dar um basta nas comparações. Não adianta compara-lo ao Maradona ou a qualquer outro. São pessoas diferentes, em épocas diferentes. O Messi precisa de tranquilidade para poder jogar o que sabe também pela seleção, não tem de colocar pressão.

Brasil é sempre Brasil. Com time inteiro ou só metade dele, sempre é perigoso"

No Brasil, Neymar é o jogador que mais concentra as esperanças brasileiras. Já dá para compara-lo ao Messi?O Messi cresceu fora da Argentina, está acostumado com as coisas na Europa. Por isso é difícil de as pessoas se identificarem com ele aqui na Argentina. Precisa ver como o Neymar se comportaria lá fora, pois todo jogador passa por um período de adaptação.
E o que pensa da Seleção Brasileira?O Brasil é sempre o Brasil. Com o time inteiro ou só metade dele, sempre é perigoso, dá receio aos argentinos e é um dos favoritos. Gostaria que a final desta Copa América fosse com o Brasil, mas com um final melhor que os anteriores. Uma final aqui e outra em 2014, no Maracanã, seria o ideal.
E se a Argentina perder?Se o treinador fizer tudo que está ao seu alcance, transmitir isso aos jogadores e não ganhar, acontece. Mas tem de acabar com essa história de que se não ganhar não serve para nada. Nós, como argentinos, temos de aprender que somos protagonistas, mas nem sempre vamos ganhar.
Você tem um relacionamento muito bom com o Maradona. Como ele ficou depois de a Argentina ser eliminada na Copa da África do Sul?Ele ficou muito triste depois da Copa porque confiava muito no time, nos jogadores. E as pessoas interpretaram mal o que ele disse (que ficaria nu se a Argentina ganhasse a Copa), acharam que era soberba. Mas ele realmente acreditava que poderia ganhar, estava convencido disto. No futuro até pode voltar para a seleção, mas foi um golpe grande. Eu fui à concentração e ele estava entusiasmado antes do jogo com a Alemanha, tinha esperança, e por isso foi um golpe duro.